quarta-feira, 19 de dezembro de 2007




Uma manhã no cais ao norte.

Uma manhã nublada e contemplada pelo orvalho da madrugada...
A escala de cinza tingida no céu partia o coração do poeta de forma ritmada...
A chuva quando começara se derramara como lágrimas profundas e enfeitadas...
De brilhos que afogavam aqueles apegados ao passado de noites inteiras envenenadas...
Lágrimas no chão, reflexos de olhares, angustia e outras das mais refinadas culpas...

Não há segredo nas estrelas que não tenha resposta em si mesmo...
Um navio pode navegar no tempo sem demora, se a tristeza ainda tiver jeito...
Mas não há como ignorar a simplicidade de um instante que se poderia perder,
Se não for para sonhar ainda mais forte...
Sempre tem algo a se olhar, mesmo que um olhar beirando um cais ao norte...

Hades Pierrot

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007



Concerto do amor

Um lugar repleto de silêncio...
Que deve ser seguido dos aplausos que lhe esperam.
Um violino sem um músico!
Ah! É triste como meu canto...
Quando já se faz tempo que vive sonhando contigo.

Mas sei que já vem...
Que ao teu encontro sou feliz como ninguém...
E que ao teu lado o ápice da felicidade...
Jamais será maior do que o que estará por vir...
Crescendo em nós... O nosso belo amor eterno .

Há clareza na tua voz sutil que nunca ouvi...
Meu coração é uma opera calada enquanto espera por ti...
Meu coração é uma surpresa... Uma caixa de bombons...
E as flores já foram plantadas...
Esta primavera não será de Vivaldi... E sim do amor que a compôs...

Hades Pierrot

sábado, 15 de dezembro de 2007




Veio das montanhas

De longe veio flutuando...
Nos largos ventos viera dançando...
E quando chegou desfez-se de tudo,
No primeiro rio se encharcou,
E só depois se lembrou do mundo.

Na majestade das montanhas
Ou na pequenez da borboleta viva...
A paz do oriente reina limpa...
Nas águas cristalinas ainda penetra a sutileza...
Da natureza sempre haverá a sabedoria.

A dimensão de um sonho inseguro,
Toma sua forma num inseto pequeno...
O único que vai até os fins do mais profundo...
Na gruta clama por seu desejo em silêncio...
E evolui rompendo os tempos por um único momento.

A felicidade que brota da flor, mas que tem suas fases...
A paciência que é teste da vida para muitas recompensas...
Para cada um que superará um inverno rigoroso a beleza das cores...
As primaveras e a doçura dos beija-flores...
E outros que não existem mais, mas que nos contos embelezam
e vivem aos montes seus amores.

Hades Pierrot

sexta-feira, 30 de novembro de 2007



Ele a amava muito e com intensidade, a prova maior era que mesmo após tanto tempo, tantos anos, cada um era lembrado como se fosse o primeiro... Ah... E tem gente que ainda diz que os olhos não vêem o que o coração de repente inventa... E que tal o amor... Dizem que esse não é tão quente como nas poesias... E ainda se dizem pessoas... Talvez sejam apenas taças vazias.

Eu não creio que hoje em dia exista uma história parecida com outra... Mas há de fato aquelas guardadas em baús, de tesouro pirata... E são estas as jamais encontradas, as reservadas pelo primeiro grão de areia que o relâmpago promoveu a vidraça, de casa mal assombrada... Assim nela estão também à precisão com que as pessoas, ainda cheias como taças, transbordam de vinho cobiçado, a esperança encorpada e cheia de sabor que nunca está morta...

Ela que é o amor daquele que lembra após tanto tempo, cada ano como fosse o primeiro de alegria.

Pelos que esqueceram da noite... Um clichê solto que por acaso se esquece e procria, feito aranha grávida de vanguarda passada... Que desperta nas gerações futuras o peso do fardo incompleto de toda a raça humana.

A inspiração esteve diferente em cada taverna... Como cada musa, que esteve disposta a sofrer nos braços da arte, daquela hora romântica e mentirosa. O banquete que virou livro, cheio de vírgulas e subentendidos ditos apenas para encher a boca do leitor, de tudo quanto é pensamento e desejo...

E penso que está certo... Uma vez sem fantasia se está destinado ao veneno da aranha... No comodismo do passado... Vegetando como um ser místico, esquecido no tempo amaldiçoado que pela falta de um propósito acabou dormindo sem se quer ter um sonho.

Um brinde a fantasia! Taças fantasmagóricas, almas condensadas em um planeta sem vida... Terra.

Hades Pierrot

domingo, 11 de novembro de 2007



O céu brilha de estrelas.

Em uma noite dessas assim, singela...
Eu saí de fininho para curtir o Luar...
As estrelas formavam o rosto sutil e era o dela,
Aquela em que me entrego ao amar...

Em meu desejo de nunca acordar do beijo,
Planei em outras dimensões até o despertar da primavera.
Do sonho de estar envolvido com o teu carinho nasceram flores.
E das flores, as abelhas com o mel mais doce que já pude encontrar.

Provei o sabor e reconheceria
a felicidade em qualquer lugar...
Provei do reencontro no ar
que espalha o meu fogo e constrói nosso lar...
Por nunca ter ido tão longe percebi
que o medo não existia mais em mim...
Feliz, quero que saiba que marcado em minha vida
está o brilho do teu olhar.

Hades Pierrot

terça-feira, 30 de outubro de 2007



Cala-te e escuta ao menos uma vez!

Na areia escura surgem pegadas...
E das pegadas brotam palavras.
No meio da praia imploram ajuda
e que seja salva do planalto das injustiças...

Cansei-me de todo dia...
Incompleto está meu quebra-cabeça
Meu velho amigo carpe diem hoje é biruta.
Executa depois cura, recebe e cobra tua divida, na duvida...

Mas quanto nos resta de meio ambiente afinal?
Se do “ser” humano já não há mais nada.
Quanta baboseira se as roseiras já estão mortas...
Quanta água podre desce pela garganta...

Cala-te! Não sou pessimista!
Quando poderás o poeta de verdade
Esquecer da amada poesia?
Quando nos daremos conta de que precisamos de toda vida?

Hades Pierrot

quarta-feira, 24 de outubro de 2007



Caixa

A loucura sutil e o descabelo das emoções,
brincam serias numa caixa vazia...
Com uma bela vista para a varanda
e nada para depois, nem além da poesia.

Até mesmo uma caixa tem história...
Nas distorções angulares mentais...
Nenhuma caixa é vazia...
Nem mesmo a craniana...

Algumas são tão duras...
Que mesmo após resistir amarguras...
A sua morte lembrada perdura...
Penetrando com a vida a saudade nas gerações futuras...

Hades Pierrot


domingo, 9 de setembro de 2007

Picasso
Baixo profundo.

Há solidão, mas não quero ouvir teus transtornos,
nem ao menos discutir ferimentos expostos,
talvez outro obscuro deposto,
sem ritmo ou não, eterno baixo profundo...

Assuntos que andam pelos reflexos e namoram,
Enchendo a boca do silêncio de molho do tempo parado e permanecendo...
menos um pouco vívido outra hora psicodélico aracnídeo colorido,
Atento ao todo de olhos, gelo e movimentos...

Arrasto-me feio feito vento,
Não lamento... Só agravo a tensa da imensa de tão intensa.
poluído e de encontro comigo mesmo...
Somos paradoxos perdidos, espinhos e espíritos quase do inferno...

Há solidão, mas não a vejo...
dor que meu tato não toca, entende e eu sinto,
Mergulha estrelas em buracos...
Vazios...

Quanta ousadia!
Se não querida...
És bem vinda! Oh dama...
Se graciosa sim, passas...


Hades Pierrot